O dia que fui com o meu cabelo natural à análise dei o direito, sem querer, da minha psicanalista comandar a sessão. Era a primeira vez que ela me via com os fios soltos e iniciou, logo na porta de entrada, dizendo isso. Respondi que não era usual, mas como iria fazer os dreads naquele dia não teria outro jeito a não ser sair de casa assim. Aí começou: “assim como?”, “com o meu cabelo natural”, respondi; “e essa relação sempre foi desse jeito?”, “tive fases, mas nenhuma sem sair de casa por conta dele”, contei, mesmo querendo falar sobre o quanto a minha necessidade de impressionar a mim e algumas pessoas que admiro estava me atrapalhando no momento [isso eu só sei por conta do fim].
minha nossa, se eu chorei? Sim! Fui láaaa atrás numa memória longínqua com a primeira vez que “relaxei” a raiz do cabelo, com 16 anos, e queimou meu couro cabeludo, mas só percebi em casa, com o cabelo se “soltando” da raiz. Isso foi tão violento e eu tinha (e a minha família tb) tão pouco repertório pra lidar com isso. Como mulheres negras atravessamos uma vidaaaa pra colocar tudo isso na roda e elaborar 😮💨🥹
É impressionante a capacidade que nossas terapeutas têm de arrancar aquilo que a gente acha que está escondendo muito bem rs. Me vi em você, na minha última sessão de terapia comecei falando despretensiosamente sobre o meu "cuidado relapso" com o meu cabelo e acabei no final entendendo que esse "cuidado relapso" comigo, essa contradição de palavras, se estende em quase todas as áreas da minha vida, porque estou sempre cuidando dos outros. Viva as terapeutas rs.
minha nossa, se eu chorei? Sim! Fui láaaa atrás numa memória longínqua com a primeira vez que “relaxei” a raiz do cabelo, com 16 anos, e queimou meu couro cabeludo, mas só percebi em casa, com o cabelo se “soltando” da raiz. Isso foi tão violento e eu tinha (e a minha família tb) tão pouco repertório pra lidar com isso. Como mulheres negras atravessamos uma vidaaaa pra colocar tudo isso na roda e elaborar 😮💨🥹
É impressionante a capacidade que nossas terapeutas têm de arrancar aquilo que a gente acha que está escondendo muito bem rs. Me vi em você, na minha última sessão de terapia comecei falando despretensiosamente sobre o meu "cuidado relapso" com o meu cabelo e acabei no final entendendo que esse "cuidado relapso" comigo, essa contradição de palavras, se estende em quase todas as áreas da minha vida, porque estou sempre cuidando dos outros. Viva as terapeutas rs.
Viva! Elas são essenciais. Obrigada pela leitura!
Na minha reflexão e entendimento do que você escreveu, no final, tudo se resume a se olhar, se enxergar e se amar.
Com certeza!